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Edição Lagoinha

  • Foto do escritor: Lucas de Vasconcellos
    Lucas de Vasconcellos
  • 4 de out. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 30 de jul.

Esta jornada nasce do desejo de escutar o mundo das coisas mesmo quando estão escondidas, soterradas, encimentadas e silenciadas na paisagem. Nasce também da convivência do meu olhar para um território que atualmente é atravessado por uma encruzilhada de viadutos que porventura pulsa, entre suas passarelas, ruas e avenidas, toda sorte de escambo de objetos. Como uma recusa do mundo material à finitude dos sentidos da paisagem cultural.


Aqui, o tempo não anda em linha reta. Ele espirala, como escreveu Leda Maria Martins. O Ribeirão Arrudas, hoje soterrado e silenciado. Os pisos de cacos vermelhos das pequenas casas da antiga classe operária, ainda brilham. Os quadros de artistas errantes ainda esperam por seus nomes. Os antiquários, ainda sobreviventes, preservam gestos de afeto, de trocas e silêncios.


Nesta série embrionária de textos, o OBS da Terra se debruça sobre três cenas, ou melhor, três imagens de um mesmo organismo urbano: a Casa-Horizonte que, como uma casa-satélite, tornou-se ponto de observação para a torre que abriga o sino da Igreja de Nossa Senhora da Conceição; a Esquina dos Aflitos, outro ponto de encruza onde historicamente o comércio “ilegal” esconde economias de resistência e narrativas de sobrevivência da pop de rua; e Memórias em Cena, onde objetos repousam, como se pudessem se travestir de novos personagens antes de seguirem viagem, como a história inventada acerca da autoria de um artista que nos convida a pensar na fabulação da memória como um gesto político.


Importante dizer que neste experimento, os textos não são reportagem, nem conto, nem tese. São apenas inspirações a partir das narrativas visuais às vezes experienciadas in loco ou insights que nos surgem a partir das pesquisas aos acervos dos museus, arquivos, bibliotecas e centros culturais da cidade que acolheram nossas perguntas a respeito do passado da paisagem cultural da Lagoinha frente a história oficial que incansavelmente é atribuída à Beagá.


É o caso do ensaio fragmentado acerca da esquina dos aflitos da ORO PRO NOBIS Filmes encontrado em fita de videocassete em meio às escavações arquivísticas realizadas no Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte, ao qual devemos todo o nosso agradecimento à equipe do museu pela parceria durante o processo de pesquisa do OBS da Terra Edição Lagoinha.


Que essa primeira edição possa nos despertar o desejo de reativar, reinterpretar e reencantar o passado, o presente e o futuro dos nossos territórios.


Lucas de Vasconcellos

Produção:

Realização:

Régua LPG Monocromatica Preta (1).png
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